Meu primeiro site survey em Angola e no mundo :P
Viagem de Portugal para Angola do dia 15 para o dia 16 pela TAAG Airlines, voo fretado pela South Afrikan Airlines, nada mau, um Boing 747-400, não sei se tem a designação de Jumbo ou não, mas era bastante grande. Fui Eu e o Chico em classe económica num voo às 7h, mas muito fixe a nível de entretenimento, podias ver filmes (alguns estavam a estrear em Portugal ou ainda nem sequer tinham estreado), tinhas jogos ao estilo 8 bits e música. Escolhi ver o Shrek 3, versão original sem legendas, embora pudesse ver em português.
Chegada a Angola, confesso que estava com um nervoso miudinho, mas penso que seja normal, ao estarmos a entrar num país que não o seu e ainda por cima para uma estadia de 3 meses. Começa com um pequeno baque com a diferença de temperatura e humidade, digo pequeno, porque pelo que oiço do Brasil, não foi assim tão difícil de me ambientar, mas mesmo assim diferente.
Chegamos ao aeroporto, vamos a um pequeno balcão (provavelmente montado na hora), mostramos o boletim amarelo (abre, fecha, tá bom) e dão-nos um papelinho para preencher. Dás os dados pessoais, os motivos da estadia e onde vais ficar hospedado. Regra nº 1, não podes trabalhar em Angola sem visto de trabalho (que demora uns meses, vá lá 1 ano a obter, sem uma pequena ‘gasosa’). Falando em ‘gasosas’, estando na fila à espera, lá vem uma ‘branquela’ chica esperta, paga a bela da gasosa e lá passa à frente. Concordo com o Chico, não é com estas m***** que o país avança (pensam que estou a exagerar … já vão ver onde chegam as ‘gasosas’). Passei o primeiro balcão, tendo apenas perguntado se vinha a convite de alguma empresa (sem stress), vou a andar para as bagagens oiço uma voz “olhe, faz favor” e Eu a pensar, pronto lá vou para a salinha do interrogatório. Chamou-me uma mulher baixinha e um pouco de mal encarada e diz “onde está a sua reserva de regresso” e Eu “está a minha empresa a tratar disso”, “sem bilhete de regresso não pode ser”, “tudo bem, tenho uma reserva a confirmar para daqui a 15 dias”, “então e quem é a sua empresa”, nesse momento estava para dizer Alcatel, mas saiu-me disparado Unitel. Pronto, parece que se abriram portas, deu-me logo o passaporte. Só com isto já dava para ver como as coisas funcionam por cá (mais tarde é que vim a saber que a filha do presidente é quem dirige a Unitel, no problem).
Vá lá, não me chatearam mais, tá-se bem e siga para bingo, vamos às bagagens. Chego às bagagens tens uma montanha de pessoal à espera (2 voos, sim porque a TAP também voa para Angola e então marcam um voo a seguir ao outro, 10 minutos de diferença). Engraçado é que a TAP saiu 10 minutos mais cedo que o nosso e nós é que chegámos primeiro). Bom, um pouco de confusão, mas lá obtivemos 1 mala minha, outra dele, mais uma mala minha e … a outra dela não aparecia. Enquanto esperava, com três malas, 2 bagagens de mão com portáteis e outros equipamentos, mais um microondas para a casa, vem um gajo ter comigo e pergunta “queres ajuda para levar as malas” e Eu “não é preciso, o meu colega já foi ver do carrinho … “ bom o gajo ao fim de um bocado lá me largou, mas ficou sempre à coca. Quando o meu colega chegou com a mala dele, o gajo estava ao pé de mim outra vez com a mesma tanginha das malas e depois a dizer que o microondas tinha de passar não sei por onde e blá blá blá … vira-se o meu colega e diz “isto tá tudo tratado, já falei ali com outro pessoal e não há problema nenhum (tanga, mas resultou)”.
Saindo do aeroporto, é só pessoal a querer ajudar a levar as tuas malas … é o delírio, quase que havia uma pessoa por mala, mas tá-se, e cada um queria uma gasosa, claro. A cena é que nem ele nem Eu tínhamos trocos pequenos para dar a cada um deles, mas lá nos safámos, embora um deles ainda tivesse marcado o meu colega, mas sem stress, a esta hora lembra-se lá ele da cara dele.
Fomos para casa, o trânsito, sendo domingo, não havia muita espiga (de referir que eram 10h e tínhamos aterrado às 7h). Chegamos a casa, olho para ela e penso “elah aqui vive-se bem”, uma vivenda de muito bom aspecto, com duas portas grandes em madeira, para poderes meter o carro cá dentro.
O interior da casa não estava mal, dá ideia que era uma casa de luxo nos anos 90, com bons acabamentos, mais ao nível da cozinha e casas de banho, mas com aspecto pouco cuidado no resto. A cozinha tinha armários que já não tinham vidros nas janelas, porque ao abrires as portas, os vidros ao estarem pouco fixos, caem com alguma facilidade. Para escolher o quarto, ou vou para um quarto mais fechado, muito pouca luz, um pouco mais húmido, ou um outro mais desafogado, bastante luz e ainda por cima fresquinho, tá claro, vamos para o quarto fresquinho. Digo uma coisa, não me importava de estar no outro quarto, por uma simples razão, de manhã é bem mais escuro e menos barulhento, consegue-se dormir melhor, enquanto este, logo pela manhã (5h30 / 6h) é já um barulhinho a trânsito e uma luz no quarto que não se pode, caso contrário prefiro este onde estou, então sendo Eu sensível à luz e som, não consigo dormir mais. Penso que já ultrapassei isso, é uma questão de me cansar um pouco mais de noite e assim acordo um pouco mais tarde … já consegui acordar às 7h (estava programado para as 7h30m, nada mau, lol).
Conheço a malta cá de casa, o Adil (meu chefe) deu-me logo um móvel, sem transformador e sem números pré-programados (alguns davam jeito à partida), de resto tudo malta muito porreira. Temos duas angolanas a viver cá em casa (quando estão cá os respectivos, claro, se não bazam), uma bem amulacada, a Alexandra, sempre em festa e a querer festa, muito fixe. Uma coisa que admiro nos Angolanos é que estão sempre ou quase sempre a rir, até que quando cheguei cá, vira-se o motorista e diz “Angola é feliz” com um sorriso na cara. Pois é, é feliz, mais muito mal orientada. Estava o pessoal a pensar por alto, bastava distribuírem 10% da riqueza deste país para os locais certos e muita da pobreza desaparecia, bem como uma série de outros problemas relacionados com dinheiro), enfim.
Primeiro dia no emprego, ‘no net’ e como vim saber, na semana seguinte também ainda não tinha, tens é de te ambientar ao ritmo tá-se bala(fixe) aqui do sitio e pronto, metade dos teus stresss enquanto Europeu desaparecem.
Apresentado o pessoal, vamos ao work, primeira missão, site survey na província. Já tinha ouvido que já estava programado qualquer coisa para mim e para o meu colega. Confesso que o facto do Chico já ter cá estado antes ajudou bastante, mas logo logo te apercebes como as cenas funcionam por cá e como é que te movimentas, cuidados a ter, zonas onde não ir e desde que não sai-as dessas regras tudo bem.
Site Survey a Saurimo:
Quarta de manhã, lá estávamos nós prontos com bilhete na mão para irmos para Saurimo, mal nós sabíamos que a agência de viagens Atlântida tinha marcado a viagem com a partida umas horas depois do voo actual, saída para as 10h45m e o voo era às 6h30m. Havia voo na manhã seguinte, mas a agência não mexeu uma palhinha para nos reembolsar e muito menos marcar voo para a manhã seguinte. Disseram logo que a culpa era da TAAG em relação à hora de partida (e a TAAG a dizer que nunca tinha havido um voo às 10h45m com partida de Luanda para Saurimo, of course) e que não havia lugares vagos para o voo da manhã seguinte. Estivemos até às 22h da noite a decidir se íamos ou não, Eu preferia adiar para a semana seguinte, já tínhamos perdido um dia de trabalho e assim íamos arrastar as coisas para o fim-de-semana.
Sabendo o que sei hoje até tínhamos voltado na sexta de Saurimo com o trabalho feito … mas enfim.
Quinta de manhã pusemo-nos em fala com um contacto da secretária da Alcatel de Angola, para nos arranjar bilhetes pela Air Gemini para Saurimo ... eram 4h e já ouvia-mos rumores que um dos voos da air gemini tinha sido cancelado. Bom, lembrei-me agora … no dia anterior já tinhamos conhecido a negociadora da Unitel, (bacana de 22 aninhos e parece que tem uns 27 em cima). Nesse dia até nem foi assim tão mau, perdeu-se a manhã inteira depois de termos saído do Aeroporto para ir para os escritórios (na Unitel Sonesta) , mas já deu para conhecer um pouco da personalidade da mulher … muito de nariz empinado e com a mania que é a maior, tomara … é casada ou para se casar com um general. Aqui os contactos valem muito, mas não há-de ser por muito tempo. Voltando à quinta feira de manhã … 4h, aeroporto regional de Luanda, nós e a miss a tentarmos entrar em contacto com o tal bacano dos bilhetes. Conhecemos logo a seguir mais uma pessoa que ia connosco a um dos surveys (o bacano da Mercury, MsTelCom comprada pela Sonangol (é só negócios), empresa responsável pelos VSATs). Digo uma coisa, se não fosse ele, nas situações das ‘gasosas’, ambas as situações na DEFA – Departamento de Emigrantes e Fronteiras de Angola (?), tínhamos pago bem mais caro. Bom, resumindo, a miss foi toda confortável no voo pela Air Gemini e nós e o bacano dos VSAT’s fomos pelo voo militar, que acabou por ficar mais caro que o raio. Lá fomos por portas travessas para a área militar, dentro de um autocarro só para nós – lá está a bela da ‘gasosa’. A caminho do avião, pensávamos nós que íamos num IL (avião russo de grande porte), mais seguro e tal … pois não … fomos parar a um Antonov, não aquele enorme onde cabe um shuttle), mas sim um pequeno com porão de carga não pressurizado.
Entramos dentro do avião, mandam-nos para um canto e nisto já estava um bacano da DEFA a topar-nos a milhas e à espera do momento certo para o ataque – vá lá, lançou dois mísseis, acertou um – queria uma gasosa de 200 dollars, xulo de m*****, que é isto, e ainda por cima esperou até ao momento de estarmos dentro do avião para nos apertar. Conclusão, o gajo inventou a bela da tanga, a dizer que era preciso carimbar os passaportes e que os tinha de levar fora do avião e lá lá lá, às tantas ainda ficávamos sem os nossos passaportes. Desculpem lá a linguagem mas esta cena deixou-me lixado. No fim e por estar lá um bacano que nos ajudou nas negociações, mais o bacano dos VSAT’s, e lá se consegue negociar o preço pela metade … o gajo da DEFA lá se vai embora.
Para sairmos e entrarmos numa província a única coisa que temos de ter em ordem é o visto, o resto é tanga, por isso andem sempre com uma fotocópia do passaporte com o visto em dia, que ao menos se sacarem, sacam apenas uma cópia. Adiante … ficámos um bom bocado à espera, conversávamos para descontrair um pouco. Nisto estávamos nós a reparar que o avião no porão tinha um depósito enorme com gasolina (foto em cima) … não é que era mesmo o depósito … fosga-se. Quando o avião levanta, com a inclinação e força centrífuga a gasolina tomba para a parte traseira e jorra para fora … aiiiiiiiiiiiiii estamos lixados, esta porcaria ainda explode aqui.
Bom logo de seguida dizem que temos de sair dali, em plena subida do voo, para irmos para a câmara pressurizada. Um pouco de equilíbrio e lá chegamos à tal salinha.
Devíamos ser uns 15 a 20 naquele cubículo, 2 mulheres e 2 crianças, resto homens e um calorzinho, que me pôs a suar num instante.
A meio do caminho (viagem de 1h30m em pé) começa-se a ouvir “pssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssss” e Eu “mau, queres ver que ainda ficamos despressurizados aqui dentro”, era uma pequena fuga, pé em cima e tá bom, siga a marinha.
Ao aterrar … bom aí o pessoal da DEFA, vá lá, foi impecável, dirigiu-nos ao aeroporto, passamos pelo gabinete deles, passamos pela bófia e estávamos cá fora, sem stresss, ufa. Olhas em volta, parecia que estávamos no meio do Alentejo, vês meia dúzia de bacanos de mota à porta, mais 1 ou 2 carros – táxi kandongueiros. Tradução, tudo o que não seja legal aqui nesta terra, bilhetes, táxis, coisas à venda na rua, Gasóleo, etc, é da kandonga, daí eles se apelidarem de kandongueiros). Bom, continuando. Estávamos à espera que nos viessem buscar, a miss nariz empinado e o empreteiro, que nem conhecíamos. Quando os vimos na pick-up (Toyota Hilux D-4D branca … Toyota grande marca, aqui ainda não vi nada melhor para aqui, não por ser uma marca boa, que já o é, ou por não haver melhores, que o há, mas pelo facto de que caso necessites de uma peça para um Toyota encontras com facilidade, para além que é uma máquina que resiste pra caraças nas condições que por aqui há). Já me estiquei no raciocínio e assim perdeu-se a lógica da história, bom … vinham eles na pick-up e a miss toda fresquinha … mas adiante. A carrinha estava com os travões lixados, tínhamos de ir devagar se não, não conseguíamos travar, mas dava perfeitamente para as primeiras voltas e para o primeiro survey. Fomos ver da dormida, o empreiteiro como já anda por cá à bastante tempo, não nesta província, mas por Angola, já sabia mais ou menos onde nos levar.
Vila Sagrada Esperança – Endiama, nome do local onde íamos ficar. Depois de ter ouvido outras descrições de site surveys feitos em outras províncias pequenas, não estava à espera de muito destes quartos. O quarto era fixe, com uma casa de banho sem água … ou muito pouca, mas tá-se. O engraçado é que nem todos os quartos tinham as mesmas condições, o do meu colega tinha o pack completo, Ventoinha, 2 fichas triplas, um frigo-bar e uma televisão. O meu tinha a televisão e o frigo-bar, mas como só havia uma tripla, não dava para a televisão e muito menos para o portátil, mas pronto lá consegui ligar o difusor e o portátil … problema é que o quarto aqueceu como o caraças … O do bacano dos VSAT’s também não tinha ventoinha, mas ao menos tinha as triplas.
Adiante … fomos de seguida para o site survey, o objectivo da viagem, sendo o primeiro no Centro Turístico Tshisseke, um dos principais pontos turísticos da região. Não foi assim tão mau, o pessoal lá foi bastante simpático, vimos lá uma torre da concorrência, ups, e lá fizemos o trabalho com muita tranquilidade :) . Para primeira vez não estava nada mal.
Entretanto faz-se noite. Fomos largar a miss … mais madame visto que já deve ser casada com o tal general, no meio de um bairro, que se fosse em Portugal tínhamos saído lá de cuecas, mas não, ali impecável. É incrível como no meio de tanta miséria é possível ver um sorriso de uma criança tão inocente, foi algo que me marcou, fiquei todo derretido, não me lembrava a última vez que tinha visto um sorriso tão simples, verdadeiro … inocente.
Bom é melhor mas é continuar.
Outro pormenor interessante nesta província e como vim a descobrir mais tarde, no resto de Angola também, estamos em Setembro e já há decorações de Natal … o máximo:
Fomos jantar, seguimos a sugestão do empreiteiro e fomos ao restaurante que havia mesmo por debaixo da pensão onde eles estavam. Cinco estrelas, um bacalhau à lagareiro, com umas “birras” Heineken, soube que nem gingas depois do voo que tivemos. Melhor ainda o senhor empreiteiro pagou-nos o jantar. Na manhã seguinte retribui o favor, com o pequeno almoço. Fomos a uma pastelaria de uns portugueses, chamada Bonina, que como viemos a saber têm uma cadeia enorme de catering ou pastelarias espalhada por Angola, já não me lembra é o nome do grupo.
Entretanto de manhã o empreiteiro pôs o carro a arranjar para a viagem, a madame foi tratar de um carro (que era suposto ser só um, mas para uma viagem de 70 km na província, convinha irem dois) e o meu colega foi fazer auditoria à BSC … e claro Eu fui atrás para as fotos, pessoais claro, hehe, fui muito fixe e ainda aprendi mais umas cenas sobre VSATs.
Eram umas 11h e já tínhamos 2 carros, abastecemos na kandonga a 50 kwzs o litro de gasóleo (em Luanda fica a 29 kwz), bem barato comparado com Portugal (mais ou menos 50 cêntimos e 29 cêntimos do euro, respectivamente) e lá fomos. O sr administrador adjunto de Saurimo, nosso suposto guia deveria-nos guiar, certo?, mas como não sabia o caminho foi pelo que ele pensava que era o melhor, e por acaso era a mesma ideia que nós tínhamos … mas neste caso estávamos redondamente enganados. Fomos em direcção a 1 projecto mineiro, do Catoca, e não tivemos passagem, voltamos outra vez para Saurimo, chegamos lá já eram umas 12h. Fomos dar uma volta brutal e acabamos por ir pelo meio de picadas, não é que estivessem maus os caminhos (pelo contrário, estavam melhores que muitas estradas principais de cá), mas sempre que passávamos por uma aldeia parávamos … estivemos nisto umas duas horas.
A meio do caminho começa a chover. Para eles foi uma pequena chuvinha, se fosse em Portugal era uma chuvona, mas mesmo assim não foi nada de mais, ao fim de um tempo acalmou e acabou por não chover mais.
A gente a olhar para o GPS, que tinha o ponto destino marcado, indicava com uma seta o local. Ao fim de um tempo já tínhamos ultrapassado o ponto, mas pronto deixámos o nosso “guia” a guiar-nos. Caraças, o que me lixou foi que entretanto, fomos dar à estrada que andávamos à procura e que supostamente iria dar ao projecto mineiro, e vira-se o guia para nós e diz “está vendo viemos cá dar” com um sorriso rasgado ( já tínhamos feito mais de 200 kms e ainda faltavam muitos mais para chegar ao suposto projecto, digamos que depois começamos a andar para atrás, não pelo mesmo caminho, mas para trás.
Pelo meio ainda víamos umas paisagens muito giras e estimulantes como é o caso dos rápidos que vemos em cima.
No meio do nada, para além das aldeias, avistámos um camião cisterna e claro pensamos logo que não estávamos muito longe, perguntámos se sabia o caminho e se estávamos certos. Eles lá indicaram o caminho e disseram que iam na mesma direcção. Então fomos atrás deles. Quê … uns 50 metros a seguir havia uma ponte com aspecto duvidoso, dava para passar uma pick-up de cada vez … mas não sei se metia lá um camião ainda por cima carregado. Mas como pensamos que não era a primeira vez que passavam lá, fomos atrás. Tiro uma foto em frente, outra para o lado, de repente … trum trum trum … trum trum … a m**** da ponte cai, mesmo à nossa frente com o camião em cima.
Saímos logo a correr horrorizados com a situação … impressionante … pode não ter sido comigo, mas fiquei a tremer e mesmo boquiaberto … uma coisa é ver nas notícias depois de acontecer, outra coisa é ver ao vivo.
Um dos ocupantes sai do camião a sangrar um pouco, mas o outro não conseguia sair pelos meios dele, foi puxado. Estava todo lixado, mas vivo. E nisto o camião a trabalhar, gritava o empreiteiro “desliguem o motor … desliguem o motor”, pensava bem … pode ainda o camião explodir, mas não sabia como é que isso ocorria, diz o empreiteiro que quando o motor está virado de pernas para o ar, o óleo saiu todo do motor e gasolina continua a ser bombeada e quando o óleo acaba, as peças em funcionamento não rolam bem e podem criar faísca, daí o perigo de explosão. Nisto vira-se um local e diz “fogo ali as pessoas em aflição e este a preocupar-se com o carro”. Vira-se o empreiteiro, homem do norte carago e responde-lhe à letra.
Bom adiante, não é preciso dizer que o pessoal ficou todo de rastos, mas lá tivemos de continuar … ainda havia um survey para efectuar. De referir que Eu apenas tirei uma foto antes e depois do camião cair … não conseguia tirar mais … o meu colega dos VSAT’s é que tirou as restantes.
Fomos em direcção a uma suposta outra ponte, mas tínhamos de passar pelo projecto mineiro do Luou. Chegando ao projecto, olhas para os guardas, vês uma bisarma de 1,9 m com 60 cm de largura na parte de cima … armas para quê, mas tinha ar pacífico. De tanto tempo que ficamos à espera, 3 horas, acabamos por meter conversa com os guardas, um deles disse-nos logo o melhor caminho que deveríamos ter feito ao sair de Saurimo para o projecto … simples, muito simples mesmo, era só pegar uma das estradas principais e seguir em frente, lol ……… oooooooooooooohhhhhhhhhhhhhhhhhh my gooooooooooooood … em vez de umas 5 ou 6h que perdemos, nem 2 horas eram de caminho … tínhamos despachado o survey e partido na sexta, mas não. Fez-se noite e lá conseguimos passagem, após a madame ter mexido uns pausinhos … caraças pá … não faz o trabalho de casa e é o que dá.
Adiante, passamos pelo projecto, não vemos nada para além dos armazéns dos carros e … e … e vamos dar à estrada principal onde deveríamos ter ido desde o inicio, mas pronto.
Fomos em direcção ao projecto e EU já estava naquela de que ia dormir no carro e sem jantar. Chegamos à porta do projecto … nem 5 minutos esperámos, entramos, somos recebidos, 10 minutos de conversa sobre o que queríamos fazer lá e vamos logo ao local da coordenada que nos tinham fornecido inicialmente. Claro que já sendo de noite serrada (embora sejam umas 19h, pareciam umas 21h em Portugal), não íamos fazer nada, mas ao menos para ficarmos com uma noção do local. Fosga-se aquela gaja nem subir uns 900m com uma inclinação de pra aí 1% consegue, teve de vir de arrasto e para baixo foi de carro.
Fiquei surpreendido foi com o que se passou a seguir, enquanto fomos ao local, estiveram-nos a preparar jantar e o local de dormida. Estava mesmo pasmado com aquele acolhimento.
Estando jantados fomos prá caminha … doce caminha … tá claro que a madame necessitava de cuidados especiais … estava com medo de dormir sozinha numa tenda … fosga-se nem Eu que não sou de lá estava com receio do ambiente, como é que ela podia estar … enfim.
Manhã cedo lá fizemos o survey …
Bem, finito lo trabajo fomos direitos a Saurimo, a estrada estava uma desgraça, mas também depois de tantos morteiros, minas e sei mais lá o quê, enfim.
Ao menos podiam investir em novas estradas, saneamento básico, etc, mas não, vão primeiro construir um acrescento à marginal de Luanda … lá está para o pessoal riquinho ficar contente … enquanto outros nem água canalizada e luz têm. Apanhamos um voo minimamente decente, ao menos fomos sentados, sem grande stress, ficamos foi quase 1h à espera pelas malas, devido a um corte de energia que houve no aeroporto. Antes disso, no check-in, mais uma vez ao passar pela DEFA, já estavam com mais uma manha, não fosse o bacano dos VSAT’s de novo lá tínhamos de pagar mais uma m***** de uma ‘gasosa’. Damos o passaporte para verificarem se está tudo OK dão uma tanginha qualquer, levam o passaporte para as traseiras, para nada claro, e esperam até à última para depois irmos lá pedir o passaporte. Quando o avião chega, o pessoal já está com pressa, ai eles fazem pressão sobre nós, que queremos mais é sair dali e acabamos por pagar qualquer coisa … para nada … fosga-se. Claro que o bacano dos VSAT’s evitou isso. Percebo que eles ganham muito pouco, mas eles têm de perceber que não é com este tipo de atitude que o país anda para a frente.
Com isto acabo este pequeno episódio da minha estadia aqui em Angola. Espero que não tenha sido uma seca descomunal … mas comecei a escrever o que me dava na mona, lol.
Diogo